As memórias de minha existência!

 

Alea Kalline

Esse foi meu primeiro nome no início dos tempos! 

O primeiro sopro de vida, a primeira existência! 

Meu nome nesta existência, é apenas um sussurro na tapeçaria cósmica que constitui a minha 

verdadeira história. Uma história não confinada às estreitas margens de uma única vida, 

de um único planeta, ou sequer de uma única dimensão. As memórias que dançam na periferia 

da minha consciência, fragmentos vívidos e persistentes de eras e mundos que não deveriam 

ser meus, clamam para serem ouvidas. Isto não é uma obra de ficção, embora a sua narrativa possa,

por vezes, soar mais fantástica do que a mais elaborada das fantasias. É um relato, tão fiel 

quanto a falibilidade da mente humana permite, das inúmeras vidas que lembro ter vivido, dos

incontáveis universos que chamei de lar, e do vasto oceano de conhecimento que essas experiências

multifacetadas gravaram na minha alma.


Desde a infância, fui assombrada por vislumbres, ecos de existências que não se encaixavam na

linearidade do tempo que nos é ensinado. Rostos desconhecidos, paisagens alienígenas, 

línguas arcaicas que brotavam dos meus lábios em sussurros,  sem que eu as tivesse aprendido. 

Noites em claro repletas de sonhos tão reais, tão carregados de emoção e detalhe, que a fronteira

 entre o sono e a vigília se tornava tênue, quase inexistente. A princípio, temi estar à beira da loucura,

 que minha mente estava pregando peças cruéis, inventando realidades inexistentes. Mas a persistência

 dessas lembranças, a coerência nas ligações de cada fragmento, a sensação inegável de familiaridade


 com o desconhecido, tudo isso me levou a questionar as limitações da nossa percepção da realidade.


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